Este Blog faz parte do projeto Estudos sobre Design. Seu conteúdo foi desenvolvido a partir de seminário da disciplina Introdução ao Estudo do Design, vinculada ao curso de Bacharelado em Design da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), sob orientação do Prof. Dr. Rodrigo N. Boufleur
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Paulo Henrique da Lima Rocha - paulo.rocha420@gmail.com
Vinicius de Medeiros Lopes Bezerra - raiderconta1@hotmail.com

Manufatura Gobelins



A Manufatura dos Gobelins é fundada no século XVII, na França, como um complexo de oficinas dedicadas à produção de tapeçaria e mobiliário. Voltada às demandas da Coroa, como decoração de palácios e presentes diplomáticos, auxilia na expansão da imagem da França no exterior a partir do reinado de Luís XIV. Encontra-se hoje em sua localização original, na Avenue des Gobelins, em Paris.

O grande patio de Gobelins , no século XVII. Gravura.






Além da importância funcional de melhoria do conforto térmico de edificações, a valorização da tapeçaria como objeto de ostentação atrai o interesse da corte francesa, grande importadora de tapeçarias flamengas até o século XVI. Devido ao papel estratégico da indústria tapeceira no comércio exterior, o rei Henrique IV (1553-1610) incentiva a produção nacional.

Em 1662, Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), ministro de Luís XIV (1638-1715), adquire para a Casa Real as propriedades da família Gobelin, reunindo oficinas de tecelagem dispersas pelo país, pintores, gravadores, fundidores, ourives e marceneiros sob a direção do primeiro pintor do rei, Charles Le Brun (1619-1690). Essa centralização origina a Manufatura Real de Móveis e Tapetes da Coroa, conhecida como Manufatura dos Gobelins, que recebe do édito real de 1667 sua organização definitiva. São usados inicialmente teares horizontais (baixo liço). Os verticais (alto liço)3 implementados por Le Brun são, em alguns períodos, os únicos utilizados por serem mais adequados à produção de grandes peças. Por cruzamentos verticais e horizontais de fios de lã, algodão ou seda são elaboradas imagens, copiadas de pinturas sobre cartões.





Desde o Renascimento e o florescimento do chamado “estilo novo”, as tecelagens buscam composições mais afeitas à representação e às potencialidades tonais da pintura. No século XVIII, a tapeçaria ganha ares de uma arte francesa, desde cedo engajada na construção do imaginário em torno da figura do rei Sol, Luís XIV. Tapeçarias idealizadas por Le Brun, como Portière Char du Triomphe – com 66 peças tecidas entre 1662 e 1724 – seguem um poderoso dispositivo imagético criado pelo medalhista Louis Douvrier, no qual o sol alude ao poder do soberano sobre o reino. O tema retorna na série Les Maisons Royales, (1668-1713), na qual Le Brun estabelece uma analogia entre a presença do rei e a passagem do sol no correr das estações por cada uma das 12 residências e dos meses do ano.

Portière Char du Triomphe

A criação de grandes séries implica na subdivisão de tarefas para a confecção de modelos, tingimento dos fios e tessitura. Da confecção de cartões para Les Maisons, além do mestre-tecelão Jean de La Croix, participam pintores especializados em figuras humanas, animais, flores e frutas, paisagens, instrumentos musicais etc. As peças recebem a assinatura tecida da manufatura, do tecelão responsável ou do artista autor do modelo.

A Gobelins é fechada em 1694 por problemas nas finanças da Coroa. Reabre em 1699, passando a se dedicar exclusivamente à tapeçaria.

Para criação de temas, encomenda-se a artistas cartões específicos para tecelagem. Outra prática comum é a reprodução de obras de grandes mestres. O tema Les Anciennes Indes (As Antigas Índias) é uma mescla de ambos os processos. Em 1679, o príncipe Johan Maurits de Nassau-Siegen (1604-1679), governador-geral do Brasil holandês (1636-1644), presenteia Luís XIV com pinturas de Albert Eckhout (1610-1665) e Frans Post (1612-1680) com a intenção de transformá-las em tapeçarias. Um amálgama de pinturas e estudos serve de base para os cartões destinados à série Anciennes Indes, elaborada a partir de 16874. Antes da produção das duas primeiras séries em baixo liço, as cenas são retocadas. Em 1692, Alexandre François Desportes (1661-1743) encomenda o reparo dos cartões para uso em alto liço. Em 1722, por estar ainda mais deteriorados, Desportes requisita um segundo time de artistas que inserem pequenas modificações e diminuem a altura dos painéis, chamando-os Les Petites Indes. A série completa das Anciennes é tecida oito vezes, fora o número impreciso de encomendas privadas. As cinco primeiras medindo 4,75 m, Les Grandes Indes, e as outras três medindo 4,10 m, Les Petites Indes.


Da primeira série (1687-1688), quatro peças sobrevivem em uma coleção particular. Parte da segunda (1689-1690) está no Mobiliário Nacional. A terceira série (1692-1700) é presenteada a Pedro, o Grande, da Rússia (1672-1725), e destruída em um incêndio em São Petersburgo em 1837. A quarta é encomendada em 1708 pelo grão-mestre da Ordem de Malta, Raymondo de Perellos, e todos os volumes estão expostos no castelo La Valleta, em Malta. A quinta (1718-1720) permanece no arquivo da Gobelins. A Académie de France na Vila Médici, em Roma, conserva a sexta série (1726). A sétima é presenteada a ministros franceses. A oitava, completada em 1730, integra a Garde-Meuble de la Couronne e acredita-se que cinco volumes dela sejam os pertencentes ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).

Tapestry: Le Cheval rayé from Les Anciennes Indes Series

As oito cenas que compõem Anciennes Indes – Les Deux Taureaux, L'Indien à Cheval, Le Chasseur Indien, Le Cheval Rayé, Le Combat des Animaux, Les Pêcheurs, l'Éléphant, Le Roi Porté par Deux Maures – representam fauna, flora e habitantes do Nordeste brasileiro no século XVII em composições estruturadas em três planos, que combinam a visão científica dos estudos de pequenos animais e plantas com o exotismo que predomina no plano intermediário, com grandes animais, árvores e figuras humanas. O fundo dissipa-se em panoramas distantes. Les Indes estão entre as obras mais representativas da Gobelins, reproduzidas ininterruptamente até 1730. Desportes cria novos cartões que dão origem à série conhecida como Nouvelles Indes, nas quais há mais justaposições de elementos díspares. A primeira série, composta de 54 peças, é tecida 12 vezes entre 1740 e 1789.




A Revolução Francesa representa um momento de crise para a manufatura, superado no reinado de Napoleão, quando são relatados os feitos imperiais com quadros de David, Gros e outros. Em 1871, a Gobelins é parcialmente destruída por um incêndio atribuído à Comuna de Paris, e em 1914 é reconstruída. 

Integrada desde 1937 ao Mobiliário Nacional, a Manufatura dos Gobelins comporta hoje um museu, 15 teares e 30 tecelões. Produz cerca de seis peças por ano destinadas à decoração de edifícios públicos, empregando modelos de artistas modernos e contemporâneos.





Fonte do texto: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo881/manufatura-dos-gobelins

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