Este Blog faz parte do projeto Estudos sobre Design. Seu conteúdo foi desenvolvido a partir de seminário da disciplina Introdução ao Estudo do Design, vinculada ao curso de Bacharelado em Design da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), sob orientação do Prof. Dr. Rodrigo N. Boufleur
Link para a homepage do projeto: www.estudossobredesign.blogspot.com.br

Integrantes / Desenvolvedores:
Emanoel Ferreira do Nascimento Junior - mremanoeljunior@outlook.com
Gabriel Ferreira Lopes Fran Malta - gabrielmalta7@gmail.com
Ingrid Arend Barichello - ingrid_arend@hotmail.com
Paulo Henrique da Lima Rocha - paulo.rocha420@gmail.com
Vinicius de Medeiros Lopes Bezerra - raiderconta1@hotmail.com

Da arte e do artesanato ao desenho industrial

A obra de arte deita raízes profundas na realidade - natural, psíquica e histórica. Sabe-se que na gênese de uma obra de arte se dá um ato de percepção ou de memória de um momento vital para a consciência de um artista.
Para a formalização verbal ou gráfica desse ato concorrem sensações e imagens, afetos e idéias, movimentos internos que se formam em correlação estreita com o mundo sentido, figurado e pensado. A arte está para o real assim como o real está para a idéia. O conceito de mimese abre caminho para a idéia de arte como percepção análoga a certos perfis da experiência (BOSI, 1999). Conhecer quem mimetiza, como, onde e quando é inerente ao discurso sobre o realismo na arte. Até o século XVII, a estética discutia o belo como perfeição, o objeto artístico era contemplado como ocorrência única no sentido de uma imitação perfeita.

Ao artesão, assim como ao artista, também cabia a função da concepção e execução de objetos únicos (CARDOSO, 2004), com suas mãos hábeis imprimia seu estilo próprio na confecção de peças exclusivas. A partir do século XVIII, o modo de proceder industrial, pelo qual a lógica de acumulação de capital passa a ser exercida pela produção industrial, tornou anacrônicos os conceitos de arte vigentes, já que não se pressupunha o uso da máquina na composição artística. O novo modo de organizar a relação produção/consumo alterou conceitos, valores e comportamentos tradicionais, estabelecendo polêmicas (BIGAL, 2001). As transformações ocorridas também transformaram o objeto, pela implicação de novas relações entre a finalidade conceitual e os processos de realização prática.

Com a Revolução Industrial, surgiram muitas novas indústrias que aplicavam processos mecanizados à produção. Os objetos passaram a ser produzidos em larga escala, com novos materiais, utilizando novas técnicas, e a decoração e ornamentação dos objetos, que até então eram vistos como sinal de perícia e virtuosismo dos artesãos, passaram a ser produzidos em série. O uso indiscriminado de ornamentos, numa tentativa de acrescentar valor a produtos simples, acaba por criar um abismo entre estilo e função (HESKETT, 1998), bem como, a facilidade de reprodução mecânica passa a possibilitar a produção de imitações perfeitas, pela falta de intervenção do elemento artesanal, gerando problemas para a indústria (CARDOSO, 2004).

Assim, em virtude de sua origem e função, o desenho de produtos industriais surge sob a ocorrência de muitas polêmicas em que estiveram envolvidas as noções de arte e técnica. Essas polêmicas atravessam o período contemporâneo, e do elenco de proposições mais recentes, destacam-se duas em especial: o caráter utilitário da técnica e o caráter não utilitário da arte (BIGAL, 2001). Historicamente, porém, a passagem de um tipo de fabricação, em que o mesmo indivíduo concebe e executa o artefato, para outro, em que existe uma separação nítida entre projetar e fabricar constitui um dos marcos fundamentais para a caracterização do design (CARDOSO, 2004).
No Congresso realizado pelo International Council of Societies of Industrial Design (ICSID), em 1973, o design foi definido como uma atividade no extenso campo da inovação tecnológica. Uma disciplina envolvida nos processos de desenvolvimento de produtos, ligada às questões de uso, função, produção, mercado, utilidade e qualidade formal ou estética de produtos industriais, com a ressalva de que a definição de design se daria de acordo com o contexto específico de cada nação (BRASIL, 1997).

No Brasil, no Projeto de Lei nº 3.515, de 1989, apresentado pelo deputado Maurílio Ferreira Lima, constava que a profissão de designer é caracterizada pelo desempenho de atividades especializadas de caráter técnico-científico, criativo e artístico, visando à concepção e ao desenvolvimento de projetos e mensagens visuais. Em design, projeto é o meio em que o profissional, equacionando de forma sistêmica, dados de natureza ergonômica,  ecnológica,econômica, social, cultural e estética, responde concreta e racionalmente às atividades humanas. Os projetos elaborados por designers são aptos à seriação ou industrialização e estabelecem relação com o ser humano, no aspecto de uso ou de percepção, de modo que atendam a necessidades materiais e de informação visual.


Fonte do texto: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512007000400008

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